Ferramenta 11 – Negociação de Boa-Fé
A negociação de boa-fé obriga a que todas as partes respeitem os processos de tomada de decisão de cada uma, valorizem as respetivas limitações e pretendam:
- Estabelecer negociações e reunir-se com a frequência e as vezes que forem razoáveis
- Prestar informação necessária para uma negociação informada e explorar assuntos chave
- Acordar procedimentos de negociação mutuamente aceitáveis, o que inclui tempo suficiente para tomar decisões
- Comprometer-se no sentido de alcançar um acordo formal e documentado
Estratégias de negociação de boa-fé são um requisito prévio para obter o consentimento informado (FPIC) e mantê-lo ao longo de todo o ciclo do projeto.
Guia por Passos
PASSO
1
Logo na parte inicial, acorde sobre processos e procedimentos de negociação através de um memorando de entendimento, incluindo o acordo sobe o estilo de negociação
PASSO
2
Ministre formação em técnicas de negociação culturalmente apropriada e criação de relações ao pessoal da empresa e representantes
PASSO
3
Realize consultas detalhadas com todas as comunidades indígenas potencialmente afetadas de modo a tornar o processo de negociação inclusivo
PASSO
4
Certifique-se de que são apresentados resumos de documentação técnica e jurídica em linguagem simples, usando a(s) língua(s) preferida(s) dos grupos indígenas
PASSO
5
Disponibilize tempo suficiente para os processos de negociação – dê tempo para que os grupos indígenas tomem decisões
PASSO
6
Utilize acordos provisórios para ajudar a demonstrar que a empresa e o grupo indígena estão empenhados em alcançar um acordo final
Nos casos em que os grupos indígenas tenham pouca ou nenhuma experiência de mineração e possam não ter os recursos que suportem amplos processos de negociação, as empresas deverão estar preparadas pra disponibilizar apoio para ajudar a gerar capacidade da comunidade para uma negociação de boa-fé. Contudo, os grupos não têm obrigação de aceitar este apoio, que deverá ser oferecido “sem condições”. Os tipos de apoio incluem:
- Disponibilização de financiamento a grupos indígenas para cobrir custos com aconselhamento independente, deslocações e reuniões
- Financiamento de formação jurídica e em negociações
- Subscrever o custo de contratação de um facilitador líder
Contudo todas as partes devem evitar uma conduta que seja opressiva ou coercitiva:
Qualquer parte pode atuar na defesa dos seus interesses comerciais ou exercer os seus direitos e recursos legais – desde que atue com plena abertura na negociação, para manter a confiança
- As empresas têm de atender a outras obrigações, incluindo leis relativas à prevenção de práticas corruptas
- Uma parte não é obrigada a continuar as negociações quando considere que não será possível alcançar um acordo em termos ou em prazo razoáveis
Sugestões:
Demonstrar boa-fé negocial na prática:
- Iniciar e responder atempadamente a comunicações
- Apresentar propostas razoáveis e ponderar e responder a contrapropostas
- Permitir que os grupos usem os seus próprios processos de tomada de decisão
- Enviar negociadores apropriados em representação da organização ou grupo
- Não adotar uma posição rígida e inegociável
- Não recorrer a uma conduta unilateral que prejudique o processo de negociação, por ex. emitir comunicados de imprensa ou declarações públicas inapropriados
- Atuar de forma coerente e encarar os compromissos
Leitura Complementar:
- Normas de Desempenho da IFC, Nota 7 de Orientação, Populações Indígenas
- ICMM, Populações Indígenas e Declaração de Posição da Atividade Mineira, Londres, ICMM, 2013, nota de rodapé 3, adaptada da Nota 7 de Orientação da IFC
- Uma decisão judicial na Austrália amplamente citada, que apresenta exemplos de negociação de “boa-fé”