Apoiar o crescimento e o desenvolvimento de fornecedores locais através de programas de colaboração e geração de capacidade

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Resumo

Um dos contributos mais significativos que uma grande empresa de mineração pode fazer para a sociedade é ao nível económico. Ao investir no setor local privado, uma empresa concede à comunidade local (incluindo trabalhadores que trabalham para empresas locais) uma razão para valorizar a presença da mina, reforçando a licença social para operar.

Contexto e dificuldades

Localizada em Maputo, no sul de Moçambique, a exploração de alumínio pela Mozal da BHP Billiton foi o primeiro grande desenvolvimento no país nos últimos 50 anos e rapidamente representava mais de 45% das importações e 7% do produto interno bruto (valores de 2002). Em 2007, as exportações de alumínio contribuíram com 61,4% das exportações totais e, em 2010, os lingotes de alumínio da Mozal ainda representavam mais de metade dos ganhos com exportações em Moçambique. Nesta data, a Mozal continua no primeiro lugar do top 100 das empresas do país
(Top 100 das Empresas de Moçambique em 2010, KPMG).

Uma guerra civil de 17 anos devastou Moçambique e a sua infraestrutura física e económica. Havia poucas empresas locais que pudessem fornecer a nova fundição com bens e serviços essenciais. O desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento local era, por isso, imperiosa. Iniciando-se com um compromisso de atribuir o máximo de trabalho possível a fornecedores locais, o foco de desenvolvimento de programas de apoio é ajudar as pequenas e médias empresas a reforçar as suas competências e capacidades, com vista a construir uma base local de empresas fornecedoras fortes, competitivas e sustentáveis.

Resposta

Inicialmente, foi desenvolvido um programa para educar e formar as novas pequenas e médias empresas (PMEs) num pacote de candidatura de padrão internacional, permitindo-lhes competir com empresas estrangeiras. Foram atribuídos pacotes de trabalho exclusivamente a empresas locais. Isto foi realizado sem comprometer os princípios de conformidade com as especificações, entrega atempada ou segurança.

Os materiais e serviços identificados para aquisição a empresas locais incluíam artigos de papelaria, trabalho de transporte, aluguer de veículos, sinalização, contratos de mão-de-obra, pequenos trabalhos de construção civil, pesquisa de equipamentos, reparações de pequenas ferramentas, serviços de elevação, serviços de hardware e software, manutenção e assistência de viaturas, consumíveis de laboratório e ferramentas manuais.

Os serviços que podiam ser realizados com um risco reduzido para a operação foram selecionados para participar no programa nas fases iniciais; depois a tipologia foi-se alargando conforme as capacidades locais se desenvolviam.

Em paralelo, a empresa instituiu o programa “MozLink” e criou um Centro de Desenvolvimento de PME. Através do programa, a Mozal cria capacidades nas PME, encurta a cadeia de fornecimento, minimiza complexidades transfronteiriças e reduz os prazos de entrega, o que por sua vez conduz a níveis de stock menores e à redução de custos para a empresa. O programa MozLink pretende criar PME mais fortes e mais competitivas, transferir conhecimento e capacidade, e apoiar as empresas moçambicanas a crescerem e a desenvolverem-se para organizações mais fortes que podem concorrer em mercados locais e internacionais.

O processo MozLink é:

  • identificar, introduzir e desenvolver fornecedores adequados
  • criar uma base de dados de fornecedores moçambicanos
  • identificar materiais e serviços a serem contratados exclusivamente a empresas moçambicanas
  • implementar programas de formação e desenvolvimento para PME e
  • erigir relações colaborativas.

O MozLink permitem que todos ganhem, as empresas, as PME e a comunidade em geral. Mais de 150 PME foram desenvolvidas através do MozLink I e II criando mais de 3.000 empregos. O sucesso do programa MozLink tem incentivados outras grandes organizações a aderirem à iniciativa, o que fará com que a implementação do MozLink III se inicie no início de julho de 2012. Espera-se que mais de 80 PME participem nesta fase.

Resultados e ensinamentos retirados

Desde o início das operações na Mozal, o número de pacotes atribuídos a empresas locais tem vindo a crescer progressivamente. Em 2004, foram gastos cerca de 4 milhões de dólares norte-americanos por mês, em média, com empresas registadas moçambicanas. Em 2011, este valor mais do que duplicou, contribuindo anualmente para mais de 110 milhões de dólares norte-americanos para a economia local. A Figura 9 mostra o histórico de despesa com empresas locais entre 2004 e 2011. Espera-se que mais 123 milhões de dólares norte-americanos venham a ser gastos na economia local durante o exercício financeiro de 2012. Esta abordagem proporciona às PME oportunidades para a partilha de informações que podem alargar os seus mercados, facilitar o acesso a dados úteis, acelerar o crescimento, introduzir sistemas de informação das melhores práticas e juntar a procura e a oferta. Globalmente, o desenvolvimento de PME permitiu uma cadeia de fornecimento mais forte, o desenvolvimento de capacidade local e disponibilidade local de produtos e serviços.